segunda-feira, 14 de março de 2011

Entrevista: Eduardo Paes, prefeito do Rio.

“Tenho muito orgulho de estar à frente de um governo que está conseguindo realizar coisas que 
pareciam impossíveis para o cidadão carioca.”

É com essas palavras que o prefeito Eduardo Paes resume a magnitude das transformações pelas quais passa a Cidade do Rio de Janeiro em sua gestão.

Na entrevista a seguir, ele detalha as conquistas que sua equipe já obteve e os desafios que ainda
precisa vencer para fazer da capital fluminense uma metrópole mais organizada, moderna e eficiente.

VIRADA DO RIO SERÁ POSSÍVEL GRAÇAS À
UNIÃO DE GOVERNOS, REFORÇO FISCAL E
MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

Construir: O senhor foi o primeiro prefeito do Rio a concluir 
um planejamento estratégico para a cidade e, mais do que 
isso, o primeiro a prestar contas à população dos resultados 
das ações previstas. Qual o impacto esperado desse plano 
na vida do cidadão carioca?
Eduardo Paes: A partir do momento em que criamos o
plano de metas, no fim do ano passado, o carioca passou
a ter também um instrumento para monitorar tudo o que
acontece na Prefeitura, já que o balanço especificando
o que foi alcançado ou não é disponibilizado a cada seis
meses através da imprensa e do nosso portal. Além da
transparência, melhora também a qualidade de vida do
cidadão, que conta com serviços mais eficientes, uma vez
que todas as Secretarias têm objetivos claros e públicos a
cumprir até dezembro de 2012. Um acordo de resultados
assinado com 18 órgãos da Prefeitura – o que corresponde
a 80% dos servidores municipais – prevê que o bom
desempenho de cada Secretaria e empresa pública pode
gerar um bônus de até um 15 o salário para seus servidores.

Construir: Em função das ações implementadas em sua 
gestão, a Prefeitura do Rio conseguiu um Empréstimo de 
Política de Desenvolvimento (DPL) do Banco Mundial, o 
primeiro concedido a um município no valor de US$ 1,045 
bilhão. Quais as principais razões para a liberação dessa 
verba e o que ela representa para a cidade em termos de 
investimentos até o final de seu governo?
Eduardo Paes: Esse acordo inédito representou uma vitória e
tanto para o Rio de Janeiro, cuja administração se concentra
em três pilares: reforço fiscal e aumento de investimentos,
inovação na prestação de serviços e modernização da
gestão pública. Depois de muito trabalho, conseguimos
levar a Prefeitura, cujo caixa estava em sérias dificuldades
quando assumimos, a um superávit fiscal de R$ 1,35 bilhão
no fim de 2009, o melhor resultado dos últimos 10 anos.
A saúde financeira do Rio, somada aos avanços nas áreas
de educação, saúde e infraestrutura, contribuiu para que
o Banco Mundial decidisse apoiar os nossos projetos. Os
recursos abatem 20% da dívida do município com a União,
o que reduz a taxa de juros de 9% para 6%, representando
uma economia de até R$ 2 bilhões, que serão reinvestidos
na melhoria das condições de vida da população.

Construir: Nos próximos anos, apesar dos aportes 
financeiros dos governos federal e estadual e da iniciativa 
privada, o município precisará de muitos recursos para 
realizar as intervenções necessárias para os megaeventos 
esportivos. Quais os planos da Prefeitura para obtê-los?
Eduardo Paes:  Ao longo dos anos, o Rio assistiu à saída
de grandes empresas. Por isso, outro desafio que estamos
vencendo é o de atrair investimentos, mostrar que aqui
também é o melhor lugar para os empresários, para
os negócios, para quem é empreendedor. No primeiro
semestre deste ano, por exemplo, criamos, em parceria
com a Associação Comercial, a Agência Rio Negócios, para
facilitar e estimular a vinda de novas empresas e ampliar
e consolidar o espaço das já existentes. Desde o início do
governo, o processo de recuperação de áreas abandonadas
da cidade passa pela revitalização econômica desses
espaços. O projeto Porto Maravilha é o melhor exemplo. Com
um grande volume de obras de urbanização e a construção
de novos centros culturais – como o Museu do Amanhã e
o Museu de Arte do Rio – a Região Portuária se credencia
como o mais novo polo econômico e turístico da cidade.
Os investimentos no Porto já têm atraído o interesse de
empresários que percebem o grande potencial dessa região
central onde o Rio nasceu. Tenho certeza de que estamos no
caminho certo.

Construir: O que significa para o senhor, como prefeito 
e como cidadão carioca, ser o realizador de obras que 
transformarão a cidade do Rio de Janeiro?
Eduardo Paes: Tenho muito orgulho de estar à frente de
um governo que está conseguindo realizar coisas que
pareciam impossíveis para o cidadão carioca. Durante
quanto tempo a gente ouviu falar da revitalização da
Zona Portuária, do moderno corredor T5, da licitação dos
ônibus, sem que nada saísse do papel? A gente assumiu
a responsabilidade e está levando esses e muitos outros
projetos adiante. O Porto Maravilha já é uma realidade,
assim como o bilhete único, a Transcarioca (o primeiro
BRT da cidade) e a solução para o problema do lixo no
Rio, com a criação do Centro de Tratamento de Resíduos
de Seropédica.

Construir: Qual o maior legado de sua administração para 
a cidade?
Eduardo Paes:  As grandes obras de infraestrutura e
transporte, que vão fazer com que a cidade tenha mais
mobilidade, como os quatro corredores de ônibus (os
BRT) que ligarão o Rio de Janeiro inteiro, economizando
preciosas horas no dia do carioca. A revitalização da Região
Portuária também é um legado significativo, pois devolve à
área central da cidade a importância histórico-econômica
que nunca deveria ter perdido. Nunca se investiu tanto em
educação e saúde no Rio de Janeiro como nesses quase
dois anos em que estamos na Prefeitura. E, até 2012, o
carioca pode ter certeza de que ainda vai ter muito motivo
para se orgulhar de sua cidade.

Construir: Quais são os maiores desafios da Prefeitura 
para realizar todos os projetos previstos no documento de 
candidatura do Rio às Olimpíadas e no Plano Estratégico 
da cidade?
Eduardo Paes: O nosso maior desafio, com certeza, é a
grande quantidade de projetos que estaremos tocando
ao mesmo tempo. Até 2016, teremos um Rio de Janeiro
bastante diferente do que temos hoje, com um transporte
mais moderno e mais rápido, uma Região Portuária
revitalizada e inúmeras outras modificações na arquitetura
geral da cidade. E como a maioria dos projetos tem um prazo
longo de conclusão e muitas etapas a serem cumpridas, a
Prefeitura já se antecipou no cuidado de fiscalizar todas
essas obras e estabeleceu um cronograma de metas e
prazos que vem sendo acompanhado de perto por mim e pela
equipe do escritório de gerenciamento de projetos, criado
especialmente para monitorar os principais programas da
Prefeitura. Além disso, foi criada a Empresa Rio 2014/2016,
dedicada exclusivamente aos projetos de infraestrutura da
cidade ligados à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos.
Assim, temos certeza de que tanto a final da Copa como as
Olimpíadas ficarão na memória dos cariocas não apenas
como grandes eventos esportivos realizados na cidade, mas
também como catalisadores de uma mudança profunda no
nosso Rio de Janeiro.

Construir: O que significa para o Rio, no presente, a inédita 
união entre os governos federal, estadual e municipal e 
quais as consequências dessa união para o futuro?
Eduardo Paes:  Pela primeira vez na história da nossa
cidade temos um prefeito, um governador e um presidente
(em breve, uma presidenta) que não apenas dialogam
como se entendem e trabalham juntos no projeto de
devolver a importância que o Rio já teve um dia no cenário
nacional. Foi assim que conquistamos as Olimpíadas e
estamos obtendo outras conquistas para o carioca, como
os quatro corredores expressos de ônibus articulados, os
chamados BRTs (Bus Rapid Transit), que vão integrar todo
o município, ligando a Barra da Tijuca, que concentra a
maior parte das instalações olímpicas, à Zona Norte e ao
restante da Zona Oeste. Teremos ainda a linha 4 do metrô,
entre Barra e Zona Sul, já em construção pelo governo do
estado, assim como a reforma do Maracanã, uma parceria
entre os governos estadual e federal. O Porto Maravilha é
outro legado. É um projeto que seria impossível realizar
sem o apoio do governo federal. A implantação das
Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) também tem
total apoio da Prefeitura, que colabora pagando parte do
salário de seus policiais e com ações sociais.

Construir: Reformar uma cidade como o Rio de Janeiro 
exige muita ação e responsabilidade de todos os 
envolvidos. O que o senhor espera das empresas de
engenharia do Rio de Janeiro, que realizarão as grandes 
intervenções, e, em contrapartida, o que seus dirigentes 
podem esperar da Prefeitura?
Eduardo Paes: O Rio de Janeiro está bem servido de empresas
do ramo da engenharia, que são tão importantes quanto a
Prefeitura nesse processo de revitalização da cidade, além
de contribuírem enormemente para a economia carioca,
gerando milhares de empregos em todo o município. O
papel da Prefeitura é garantir que essas empresas realizem
um trabalho com qualidade e fiscalizar com seriedade o
andamento das obras. E como prefeito do Rio de Janeiro e
idealizador de um projeto que pretende entregar uma nova e
melhorada cidade para os Jogos Olímpicos de 2016, só posso
esperar que essa parceria com as empreiteiras vencedoras
das muitas licitações que já estão em andamento e ainda por
vir seja transparente. Nossa gestão acredita que a cidade é
construída com parcerias, tanto com os empresários que
investirão seu tempo e seus recursos na revitalização de
nossa cidade quanto com o carioca, que precisa ter a certeza
do bom serviço prestado e de que seu dinheiro está sendo
usado com responsabilidade e correção


QUEM É O JOVEM QUE COMANDA A REENGENHARIA DO RIO
Disciplina e obstinação pelo trabalho são marcas da personalidade do prefeito

O prefeito Eduardo Paes nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 14 de novembro de 1969. Formado em Direito pela PUC-Rio, iniciou a carreira pública muito jovem, aos 23 anos, quando, em 1993, assumiu a Subprefeitura da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Disciplina e obstinação pelo trabalho fizeram parte, desde muito cedo, da vida de Eduardo Paes, nascido e criado no Leblon, bairro nobre da Zona Sul.
Em 1996, aos 27 anos, elegeu-se vereador, com a maior votação do Brasil naquele ano. Foi eleito deputado federal duas vezes. Na primeira, em 1998, foi o mais votado do Rio, tornando-se o responsável pela primeira lei de iniciativa popular para punir políticos desonestos.Dois anos depois, em 2000, Paes assumiu a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, onde criou os mutirões de reflorestamento. Em 2002, retornou
à Câmara dos Deputados, quando estendeu os benefícios do Pró-Uni aos alunos da rede privada. Foi autor do Projeto de Lei nº 125, que instituiu o Supersimples, regime tributário das microempresas e das empresas de pequeno porte. No ano dos Jogos Pan-Americanos, 2007, foi nomeado secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, cargo que só deixou para se candidatar à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Casado e pai de dois filhos, Eduardo Paes foi eleito aos 38 anos. Tomou posse em 1º de janeiro de 2009.

Fonte: Revista Construir nº49, 2011.

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