sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Picciani deixa a Alerj, mas consegue nomeação do filho para cargo-chave


RIO - Depois de oito anos à frente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o ex-deputado Jorge Picciani deixou a Casa nesta terça-feira, mas garantiu sua influência no Legislativo pelos próximos anos. Além de conduzir as negociações que devem levar nesta quarta o deputado Paulo Melo (PMDB) à presidência da Alerj, Picciani conseguiu que o filho, o deputado Rafael Picciani, de 24 anos, que está no seu primeiro mandato e tomou posse na terça, seja o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes da assembleia.

A indicação de Rafael Picciani para a CCJ fez parte do acordo do PMDB para eleger Paulo Melo presidente da Alerj. Ele, que disputa com Domingos Brazão (PMDB) o comando da Alerj, era líder do governo e controlou a CCJ durante todo o primeiro mandato de Sérgio Cabral, mas precisou da ajuda de Picciani e do governador para conquistar os votos necessários para ser eleito nesta quarta-feira. A CCJ, por outro lado, é considerada uma comissão estratégica para o Executivo, pois muitos projetos que contrariam os interesses do governo podem ser engavetados já na própria comissão.

Rafael Picciani (PMDB) não comentou sua indicação para a CCJ. Disse apenas que assumir o mandato após os cinco do pai representa uma grande responsabilidade. E que o que ele quer é trabalhar na melhoria do ensino profissionalizante, sua principal promessa de campanha.Deputado já tem prontos cinco pedidos de CPI

Caso Paulo Melo seja mesmo eleito nesta quarta-feira, vai começar o mandato negociando com a oposição. O deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) colocou um assessor na porta da secretaria da Mesa Diretora para protocolar — assim que os trabalhos forem iniciados — cinco pedidos de abertura de CPI. Rocha quer investigar o que foi feito com o dinheiro destinado à prevenção de desastres na Região Serrana. Outro interesse do deputado é investigar a compra superfaturada de medicamentos pelo governo. Marcelo Freixo, do PSOL, também anunciou que pedirá uma CPI para apurar crimes relacionados ao tráfico de armas, munição e explosivos.

Logo após a eleição do presidente da Alerj na tarde desta quarta-feira, os deputados começam a discutir o controle das outras comissões. Mas parte disso já está acertada entre os líderes dos partidos, o deputado Paulo Melo e o Executivo. Considerada outra área estratégica pelo governo, a Comissão de Orçamento deverá ser presidida pelo deputado Coronel Jairo (PSC), mas aliados de Domingos Brazão garantem que ele deve brigar pelo cargo.

Já a composição da chapa de Paulo Melo tem como primeiro vice-presidente o deputado Edson Albertassi (PMDB), que também chegou a se candidatar para concorrer à presidência, mas foi convencido por seu partido a desistir da disputa. A secretaria da Mesa Diretora será controlada pelo deputado Wagner Montes (PDT). O novo líder do governo deverá ser o deputado André Corrêa, que fazia oposição ao governo. Único parlamentar ausente da cerimônia de posse dos deputados, Corrêa disse que se licenciou do PPS anteontem para poder ocupar o cargo, uma vez que o partido continua na oposição. Ele contou que não pôde ir à Alerj por problemas de saúde, mas confirmou o convite feito pelo governador Sérgio Cabral.Disputa na Alerj provocou racha no PMDB

A disputa pela presidência da Alerj rachou o PMDB. No mês passado, o governador chegou a anunciar um acordo para dividir o comando da Casa entre Paulo Melo e Domingos Brazão. Há uma semana, no entanto, Melo anunciou que não haveria mais acordo, embora Brazãocontinue afirmando que espera o apoio do governador quando lançar sua candidatura em 2013. Ontem, Cabral, que participou da cerimônia de posse, procurou jogar panos quentes na disputa entre os dois parlamentares do seu partido:

— Nós fizemos uma reunião para chegar a um entendimento. O Paulo foi escolhido como candidato da bancada do PMDB, pela esmagadora maioria. Os demais partidos se associaram ao nome do Paulo. O Brazão é um deputado que tem muito a colaborar conosco no parlamento. Eu tenho certeza de que aqui vai se desenvolver o entendimento, a diversidade com o entendimento — disse o governador.

Presente à cerimônia, Picciani, que foi derrotado na disputa para o Senado em 2010, recebeu solidariedade e muitas homenagens dos colegas. O ex-deputado disse que vai se dedicar à direção do PMDB e às suas empresas do setor da agropecuária. Uma das primeiras ações como presidente do PMDB será inaugurar, em abril, a nova sede do partido. Picciani acrescentou que vai trabalhar pela reeleição do prefeito Eduardo Paes.

Fonte: Jornal Extra

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